sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Quarto dia

Andei muito. Andei como se fosse dar a volta nesse planeta cabeça de alfinete. Me deu vontade de destruir tudo, quando eu chegasse, se eu chegasse. Até a vontade do pudim passou. A minha cabeça estava explodindo de tantas cócegas que meus neurónios estavam fazendo. Daí a minha raiva e meu meu humor por cócegas.
Só me lembro de uma pequena parte de tudo o que aconteceu: comecei a ficar bem lesado a partir da quinta esquina que eu virei, parei em um beco escuro, com cheiro de armário de vovó. Tropecei em mim mesmo e cai. Dormi alí mesmo. Acordei em outro lugar.
Como assim?
Acordei no banco da praça com o dia já claro e com um recado do Papai Noel em cima de mim dizendo: Querido Himiee, te achei perdido e sonolendo se um jeito muito preocupante, então me lembrei do que você disse ontem e te trouxe pra o banco da praça. Espero que saiba onde você está agora e que chegue bem em sua misteriosa "nave". Feliz Natal. Papai Noel.
Papai Noel ainda não acreditava em mim. Mas até me senti feliz porquê alguém lembrou de mim, o que é uma coisa meio difícil de esquecer com essa cara que eu tenho. Minha cabeça ainda cocegava um pouco. Me sentia estranho. Com raiva por não ter um pudim e querer acabar com o mundo agora já que estou perto da nave, mas ao mesmo tempo feliz por estar em um lugar que eu conhecia melhor do que o beco com cheiro de armário de vovó.
Não queria levantar do banco. Estava desconfortável demais, mas era melhor do que ficar trancado na nave. Minha vontade de destruir alguma coisa ainda estava presente em um pedaçinho do meu eu, mas a atração que esse cheiro gostoso desse ar me trava, dizendo preu não fazer isso enquanto não descobrisse o que era.
Eu precisava descobrir o porquê desse cheiro. O porquê dessa atração. Fiquei uns instantes pensando em como era ruim restar tanto tempo de barriga vazia e fiz careta, não era nenhum pouco agradável essa sensação... Nenhum pouco babante, e sim vomitante.
Pensei em levantar e voltar ao "Sabor do Dia" para ver se conseguia alguma coisa para saciar meu estômago que estava com um buraco imenso, e para me distrair um pouco, mas estava com medo de me perder de novo e não voltar mais.
Fui para uma padaria na esquina, lá encontrei um cara atrás de um balcão com um sorriso muito falso no rosto, como se estivesse ali por pura obrigação. Cheguei e perguntei se ele podia me dar algo bom pra comer e ele me respondeu que depende do que eu estava à procura, se era doce ou salgado. Respondi que era algo salgado e ele me deu um pão com manteiga e um café. Gostei do gosto, meio salgadinho o pão e o café era viciante, isso bateu bem. Depois de comer e agradecer ao moçinho de cara feia, fui indo em direção a porta, quando um outro moçinho que também tinha cara feia chamou:
- Psiiiiiu.
Eu olhei pra trás, e ele disse de novo:
- Sim, você mesmo. Volte aqui. Saindo sem pagar Sr. Estranhamente estranho que não faço ideia de onde tenha vindo. Você me deve 4 reais. Ou vou ter que chamar a polícia?!
De que eu era estranho eu já sabia mas olhei com uma cara de " WTF " para ele e perguntei:
- O que é polícia? Isso morde?
Aí foi a vez dele de me olhar com a cara de " WTF " e dizer:
- Você está de brincadeira com a minha cara né? Como assim "o que é polícia?"... Você está me fazendo perder a paciência.
-Lógico que não. Estou falando muito sério. E eu não tenho dinheiro. Posso pendurar e quando eu tiver eu pago? - Eu disse bem tranquilo.
- Lógico que não. Você bebeu algo cara? Cheirou alguma coisa? Um instante por favor, irei ligar para a polícia porquê o caso está mais sério do que eu pensava.

Se polícia mordia, eu estava ferrado.
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continua depois ;]

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